Embora o risco de fraturas ósseas no paciente com doença renal crônica terminal (DRTC) reduza após o transplante renal, este risco ainda é elevado quando comparado a população geral. A prevalência de osteoporose é relatada em torno de 40% no primeiro ano após o transplante, com uma taxa de fraturas de até 23% nos primeiros cinco anos após o transplante.
Devemos lembrar que este risco elevado ocorre devido persistência do distúrbio mineral ósseo do transplante renal e uso de corticoides.
O estudo "Bisphosphonate Use After Kidney Transplantation Is Associated with Reduced Fracture Risk" ([link](https://journals.lww.com/cjasn/abstract/9900/bisphosphonate_use_after_kidney_transplantation_is.496.aspx)) investigou o uso de bisfosfonatos em pacientes transplantados renais com osteoporose e sua associação com redução no risco de fraturas não vertebrais.
Trata-se de uma coorte retrospectiva com 489 pacientes do sistema de saúde Southern California Kaiser Permanente (SCKP), 203 (42%) foram tratados com bifosfonatos. Foram avaliados pacientes com diagnóstico de osteoporose (por CID-10) e/ou densitometria óssea (T-score <-2.5). Foram excluídos pacientes com falência do enxerto, óbito ou fratura nos primeiros seis meses após o transplante.
Foram comparados os pacientes que tiveram ou não prescrição de bisfosfonatos para osteoporose. Um desfecho secundário avaliado foi a sobrevida do enxerto censurada para óbito foi avaliada.
Um total de 75 fraturas foram identificadas durante o acompanhamento. Os locais mais comuns foram o quadril e o antebraço, seguidos pelo úmero. Foi observado uma redução de 64% no risco de fraturas não vertebrais nos pacientes que utilizaram bisfosfonatos, em comparação aos que não utilizaram, segundo o modelo de risco específico da causa. Outro achado relevante foi a associação entre o uso de bisfosfonatos e uma menor falha do enxerto renal.

A osteoporose em transplantados renais é uma preocupação, já que esses pacientes apresentam um risco aumentado de fraturas, influenciado pela persistência de doenças ósseas relacionadas à doença renal e ao uso de corticosteroides. O estudo sugere que o uso de bisfosfonatos, especialmente após o primeiro ano de transplante, pode ser uma estratégia benéfica para a prevenção de fraturas e potencialmente prolongar a sobrevida do enxerto. Contudo, o uso dessa terapia deve ser cauteloso, considerando o risco de agravar doenças ósseas dinâmicas adinâmicas. A pesquisa também enfatiza a importância de uma abordagem individualizada, com o monitoramento de marcadores como iPTH e vitamina D, além de uma avaliação cuidadosa antes da introdução dos bisfosfonatos.
Opinião Nefroatual:
O uso de bisfosfonatos após o transplante renal em pacientes com osteoporose pode reduzir o risco de fraturas não vertebrais e está associado a uma menor falência do enxerto. Esse achado reforça a importância de uma gestão individualizada para saúde óssea nesses pacientes, particularmente naqueles com fatores de risco para osteoporose.