A pré-eclâmpsia, complicação gestacional marcada por hipertensão e disfunções em órgãos-alvo, é um importante fator de risco para condições cardiovasculares e renais a longo prazo.
Este estudo de coorte observacional Norte-americano estudou 27.800 pacientes no período de 1996 a 2019 (Geisinger Health System) e avaliou a associação entre a pré-eclâmpsia e o risco de hipertensão crônica, disfunção renal e albuminúria, destacando lacunas no acompanhamento pós-parto ([link](https://www.ajkd.org/action/showPdf?pii=S0272-6386%2823%2900732-1)).
**Principais informações:**
**1. Hipertensão Crônica**
Mulheres com histórico de pré-eclâmpsia apresentaram um risco 77% maior de desenvolver hipertensão crônica em comparação com controles sem pré-eclâmpsia (HR: 1,77; IC 95%: 1,45–2,16). A incidência foi de 15,3 casos por 1.000 pessoa-anos, comparada a 8,6 nos controles.
**2. Disfunção Renal (Redução do eGFR)**
O risco de desenvolver disfunção renal importante, definida como TFGe \<60 mL/min/1,73 m², foi mais que triplicado em pacientes com pré-eclâmpsia (HR: 3,23; IC 95%: 1,64–6,36). A incidência foi de 1,9 por 1.000 pessoa-anos, comparada a 0,7 nos controles.
**3. Albuminúria**
O risco de albuminúria significativa (RAC >300 mg/g) foi ainda mais pronunciado, com um aumento de 260% (HR: 3,60; IC 95%: 2,38–5,44). A incidência foi de 5,3 casos por 1.000 pessoa-anos em comparação a 1,6 nos controles.
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**Acompanhamento Pós-parto**
Apesar do risco elevado, as taxas de monitoramento pós-parto foram bem abaixo do esperado. Apenas 31% das mulheres com pré-eclâmpsia realizaram testes de creatinina sérica nos primeiros seis meses após o parto, e apenas 26% de todas as pacientes, com ou sem pré-eclâmpsia, realizaram testes de proteína urinária no mesmo período.
**Implicações para a Prática Clínica**
A American Heart Association reconhece a pré-eclâmpsia como um fator de risco cardiovascular e enfatiza a necessidade de triagem pós-parto apropriada e controle de fatores de risco, mas sem faz recomendações específicas de ação.
O período pós-natal é uma oportunidade única para educar os indivíduos sobre o risco de doença renal futura ou hipertensão. Este estudo reforça que a pré-eclâmpsia deve ser considerada um marcador de alto risco para doenças cardiovasculares e renais a longo prazo. É essencial implementar um acompanhamento estruturado que inclua monitoramento regular da pressão arterial, TFGe e albuminúria no período pós-parto para prevenir complicações futuras.