Vale a pena conferir essa excelente perspectiva publicada no JASN ([link aqui](https://journals.lww.com/jasn/pages/articleviewer.aspx?year=9900\&issue=00000\&article=00376\&type=Citation)), vamos separar os ponto
mais interessantes:
Os inibidores de cotransportador de sódio-glicose 2 (SGLT2) são medicamentos inicialmente desenvolvidos para
reduzir a glicemia em pacientes com diabetes tipo 2. Recentemente, seu uso foi expandido para incluir pacientes com doença renal crônica (DRC), independentemente da presença de diabetes. No entanto, a prescrição desses medicamentos em pacientes idosos com DRC permanece baixa, apesar dos benefícios potenciais na redução da progressão da doença renal e eventos cardiovasculares.
**Por que ocorre subutilização dos iSGLT2em idosos?**
Estudos revelam que pacientes mais velhos com DRC são menos propensos a receber inibidores de SGLT2. Isso
pode ser parcialmente devido à cobertura de medicamentos baseada no emprego em alguns países, ou seja, uma questão financeira. Em outros países, como a Suécia, onde o acesso aos medicamentos não depende do status de emprego/aposentadoria, a subutilização ainda é observada, sugerindo que preocupações quanto ao risco de efeitos adversos, segurança e eficácia desempenham um papel significativo.
**Considerações de Segurança**
Há preocupações sobre a segurança dos iSGLT2 em pacientes idosos, especialmente devido ao risco de hipoglicemia e depleção de volume. As mudanças farmacocinéticas e farmacodinâmicas em pacientes idosos também levantam preocupações sobre o equilíbrio risco-benefício.
Os grandes ensaios clínicos, incluindo CREDENCE, DAPA-CKD e EMPA-KIDNEY, relataram dados de segurança para iSGLT2 em pacientes com DRC, diferenciando por idade. Os resultados indicam que o perfil de segurança dos inibidores de SGLT2 é aceitável e semelhante em pacientes mais velhos (≥70 anos) e mais jovens (\<70 anos). Por exemplo, no estudo CREDENCE, as taxas de hipoglicemia e depleção de volume foram semelhantes entre os grupos de canagliflozina e placebo em ambas as faixas etárias. Eventos adversos, como fraturas e infecções genitais, foram mais frequentes em ambos os grupos, mas não houve diferença significativa entre os grupos de idade.
**Considerações de Eficácia**
Os ensaios clínicos também demonstraram consistência na eficácia dos inibidores de SGLT2 para o desfecho
primário de progressão da doença renal, falência renal ou morte por doença renal ou cardiovascular. No estudo CREDENCE, o hazard ratio para o desfecho primário em pacientes ≥70 anos foi 0,89, indicando um benefício significativo. Resultados semelhantes foram observados nos estudos DAPA-CKD e EMPA-KIDNEY.
**Benefícios Cardiovasculares **
Os iSGLT2 também mostraram reduzir o risco de eventos cardiovasculares maiores, como infarto do miocárdio
e acidente vascular cerebral, sem modificação significativa do efeito pela idade. A redução na mortalidade geral foi observada tanto em pacientes mais velhos quanto em mais jovens.
**E nos pacientes Frágeis e Muito Idosos?**
A eficácia e segurança dos inibidores de SGLT2 em pacientes muito idosos (≥80 anos) e frágeis são menos
claras devido ao número limitado de participantes dessas faixas etárias nos ensaios. Estudos adicionais são necessários para entender melhor os efeitos nesses subgrupos. Talvez nesse perfil de pacientes um enfoque maior deva ser voltado a qualidade de vida, funcionalidade e prevenção da progressão de demência. De forma interessante estudos observacionais evidenciam melhora cognitiva e menor progressão da demência em pacientes em uso dos iSGLT2.
**Opinião Nefroatual**
Os dados de ensaios clínicos sugerem que os inibidores de SGLT2 são seguros e eficazes em pacientes idosos
com DRC, oferecendo benefícios significativos na redução da progressão da doença renal e eventos cardiovasculares. No entanto, a subutilização desses medicamentos em pacientes idosos destaca a necessidade de maior conscientização e educação entre os médicos. Estudos adicionais são necessários para avaliar a
segurança e eficácia em pacientes muito idosos e frágeis.