O guideline ISPD de 2022 ([link](https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/08968608221080586)) recomenda o tratamento profilático com antifúngicos em pacientes submetidos a diálise peritoneal (PD) e que receberão tratamento com antibióticos de amplo espectro. Essa recomendação possui um nível de evidência 1B.
Mas qual é o racional para essa recomendação?
Ao prescrever antibióticos de amplo espectro, observa-se uma ampla modificação na microbiota intestinal, com redução de enterobactérias e proliferação de fungos (Candida
sp). Essa proliferação aumenta o risco de translocação de fungos para o líquido peritoneal, elevando, assim, o risco de infecção fúngica.
É conhecido que a peritonite fúngica representa um quadro dramático nos pacientes em diálise peritoneal, considerando a necessidade de retirada do cateter de DP, transferência para hemodiálise, elevado risco de
falência técnica e mortalidade associada ao quadro.
Portanto, se um paciente em programa de diálise peritoneal estiver prestes a receber tratamento com antibióticos de amplo espectro, seja para tratar uma peritonite, pneumonia, infecção urinária ou outro sítio, é crucial iniciar o tratamento profilático com antifúngicos.
Mas como prescrever?
As opções incluem Fluconazol 200mg a cada 48 horas ou Nistatina 500.000 UI 4 vezes ao dia durante o tratamento com antibióticos. A escolha entre as opções deve ser feita considerando as características específicas do paciente e eventuais contraindicações.