Hoje traremos para vocês a descrição e opinião do Nefroatual sobre este tema bastante atual que foi discutido no artigo "Potential Role of Mineralocorticoid Receptor Antagonists in Nondiabetic Chronic Kidney Disease and Glomerular Disease", publicado no Clinical Journal of the American Society of Nephrology (CJASN) por Teena Zachariah e Jai Radhakrishnan, que destacou a necessidade de novos tratamentos para essa população de pacientes.
De fato, as doenças glomerulares são a terceira causa mais importante de DRC tanto no Brasil quanto no mundo. Enquanto a doença renal diabética é a causa mais comum, outras causas incluem malignidades, condições autoimunes sistêmicas, efeitos de medicamentos e condições genéticas. As doenças glomerulares não-diabéticas são raras e carecem de ensaios clínicos de alta qualidade, e a referência tardia dos pacientes frequentemente resulta em desfechos insatisfatórios.
O manejo atual dessas doenças visa tratar complicações como edema, hipertensão, proteinúria, hiperlipidemia, hipercoagulabilidade e trombose, além de abordar a causa subjacente (que é o mais importante!).
As opções de tratamento incluem inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona (RAAS), estatinas, diuréticos de alça, anticoagulantes, imunossupressores e modificações no estilo de vida e dieta. Recentemente, os inibidores do cotransportador sódio-glicose 2 (SGLT2) e antagonistas dos receptores mineralocorticoides não-esteroidais (ARM-ns) emergiram como opções terapêuticas valiosíssimas, devido aos seus efeitos anti-inflamatórios e anti-fibróticos, com consequente redução de desfechos em alguns grupos populacionais.
### Antagonistas dos Receptores Mineralocorticoides (ARM-ns)
#### Evolução dos ARM-ns:
Existem dois tipos de ARM em uso: esteroidais e não-esteroidais (ARM-ns).
* Os ARM inibem a ação da aldosterona, prevenindo a remodelação e diminuindo a inflamação. Eles também reduzem a proteinúria, um fator de risco estabelecido para a progressão da doença renal.
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#### ARM em Doença Glomerular Diabética:
* Os inibidores do SRAA têm sido um alvo terapêutico por décadas.
* O ARM-ns finerenona, aprovado recentemente, mostrou-se eficaz na redução da progressão da DRC e eventos cardiovasculares em pacientes com DRC associada ao diabetes tipo 2 (T2D).
#### ARM em Doença Glomerular Não-Diabética:
* Os dados sobre os efeitos de ARM em pacientes com DRC sem diabetes são escassos.
* Estudos indicam que ARM podem reduzir a proteinúria e a pressão arterial em pacientes com DRC, incluindo aqueles sem diabetes.
(Figura 2: Esquema para uso do ARM-ns na DRC diabética e potencial uso em DRC não-diabética).
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### Segurança dos ARM
#### Risco de Hipercalemia:
* Pacientes com DRC têm um risco aumentado de hipercalemia, que pode causar arritmias cardíacas graves.
* Embora os ARM possam aumentar os níveis de potássio, precauções podem mitigar esse risco, como a monitorização dos níveis de potássio sérico, ajustes de dose conforme necessário e uso concomitante com outros diuréticos.
### Ensaios Clínicos em Andamento com ARM
Vários ARM-ns estão em desenvolvimento para uso clínico na DRC e incluem pacientes diabéticos e não-diabéticos.
### Conclusão
Os ARM, especialmente os ARM-ns como a finerenona, representam uma nova fase na gestão das condições cardiorrenais. Embora tradicionalmente subestimadas, as doenças glomerulares não-diabéticas podem se beneficiar significativamente desses agentes, reduzindo potencialmente a progressão da DRC.
### Opinião NefroAtual
Os antagonistas dos receptores mineralocorticoides não-esteroidais (ARM-ns), como AZD9977, Balcinrenone, Finerenona e KBP-5074, representam uma nova esperança no tratamento da DRC. Estudos em andamento indicam que esses agentes têm potencial para melhorar significativamente os desfechos clínicos em populações com DRC não-diabética. A Finerenona, por exemplo, já é aprovada para o tratamento da DRC associada ao diabetes mellitus tipo 2. No entanto, seus benefícios potenciais em pacientes com DRC não-diabética ainda estão sendo investigados. Esta classe de medicamentos oferece vantagens promissoras,
incluindo a redução da inflamação e fibrose renal, dois fatores críticos na progressão da DRC de qualquer etiologia.
E você? Indicaria a finerenona em pacientes com doença glomerular e proteinúria já otimizado para iECA/BRA e iSGLT2? Iniciaria agonista GLP1 antes? Manda sua resposta.