Você nefrologista se depara com a crescente complexidade do manejo de distúrbios ósseos na doença renal crônica (DRC), saber como e quando solicitar uma densitometria óssea (DXA) pode ser um divisor de águas no cuidado ao paciente. Vamos direto ao ponto: o que a densitometria realmente pode nos dizer na prática e como aplicá-la no contexto da DRC conservador?
O Que a DXA Mede e Suas Limitações na DRC
A densitometria óssea é uma ferramenta que avalia a densidade mineral óssea, sendo útil para identificar risco de fraturas e osteoporose. No entanto, em pacientes com DRC, especialmente nos estágios 3 a 5, sua interpretação se torna desafiadora porque:
* A densidade mineral óssea pode subestimar ou superestimar o risco de fratura. A DMO-DRC afeta tanto a qualidade quanto a quantidade do osso, enquanto a DXA mede apenas a densidade.
* Não distingue tipos de alterações ósseas. A DXA não diferencia osteíte fibrosa, doença óssea adinâmica ou osteoporose associada à DRC. ( hoje sabemos que a osteoporose associada a DRC engloba
Por isso, a DXA deve ser interpretada no contexto clínico e bioquímico do paciente, incluindo marcadores de metabolismo ósseo (PTH, fosfatase alcalina específica para osso e vitamina D).
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Quando Solicitar a DXA no Paciente com DRC Conservador?
As diretrizes KDIGO 2025 sugerem o uso da DXA para pacientes com DRC nos seguintes contextos:
1. Suspeita de osteoporose associada à DRC: Indicado em pacientes com fatores de risco para fraturas, como idade avançada, histórico de fratura ou uso prolongado de corticosteroides.
2. Planejamento de terapias antiosteoporóticas: Antes de iniciar agentes como bifosfonatos ou denosumabe, especialmente em pacientes com DRC estágio 3.
3. Monitoramento de progressão: A cada 2-3 anos em pacientes de alto risco.
Os pacientes com DRC considerados de alto risco para complicações ósseas ou fraturas incluem aqueles que apresentam as seguintes características:
1. Histórico de fraturas:
2. Idade avançada:
3. Uso prolongado de corticosteroides:
4. Distúrbios metabólicos graves:
5. Deficiência de vitamina D:
6. Doenças associadas:
7. Achados radiológicos de fragilidade óssea:
8. Perda óssea acelerada:
9. Calcificação vascular extensa:
10. Comorbidades associadas ao aumento do risco de queda:
Como Interpretar a DXA na Prática Clínica?
A interpretação da DXA vai além do valor absoluto do T-score!
* T-score < -2,5: Sugere osteoporose, mas deve ser correlacionado ao contexto clínico. Em pacientes com DRC, o risco real de fratura pode ser maior do que o sugerido pelo T-score.
* Z-score: Útil em pacientes jovens ou em mulheres na pré-menopausa. Z-scores baixos (< -2,0) podem indicar causas secundárias de perda óssea, comuns na DRC.
* Avaliação por sítio: Coluna lombar e fêmur proximal são os principais sítios avaliados. A DXA pode subestimar a densidade mineral óssea em pacientes com calcificação vascular significativa.
De acordo com as recomendações do KDIGO de 2025, os melhores locais para avaliar a densidade mineral óssea na densitometria óssea (DXA) são:
1. Coluna lombar:
2. Fêmur proximal (colo femoral e quadril total):
3. Terço distal do rádio (região cortical):
Esses locais devem ser escolhidos com base no perfil clínico do paciente, considerando possíveis interferências anatômicas ou metabólicas. A análise combinada dos locais permite uma melhor compreensão do risco de fraturas e do tipo de comprometimento ósseo (trabecular ou cortical), ficou claro? 😊
Avanços na Avaliação Óssea na DRC
Além da DXA convencional, novas técnicas ajudam a melhorar a avaliação óssea em pacientes com DRC:
* DXA com análise de microarquitetura trabecular: Oferece insights sobre a qualidade do osso, complementando a DMO.
* Tomografia periférica quantitativa de alta resolução: Avalia a densidade cortical e trabecular, útil para identificar alterações estruturais precoces.
* Biomarcadores ósseos: Podem ajudar a distinguir osteoporose de osteodistrofia renal, guiando intervenções terapêuticas.
Conclusão
A densitometria óssea continua sendo uma ferramenta valiosa para estratificação do risco de fraturas em pacientes com DRC conservador, mas deve ser usada com cautela e sempre no contexto clínico. Saber quando solicitar e como interpretar os resultados pode otimizar o manejo e prevenir complicações ósseas nesse grupo de pacientes.
Se você ainda tem dúvidas sobre a aplicação da DXA na sua prática manda aqui que nós ajudamos! 😊