Pacientes submetidos à diálise apresentam uma alta incidência de complicações relacionadas a fraturas,
tornando essencial a otimização do tratamento para aqueles com osteoporose. O manejo do distúrbio mineral e ósseo é o primeiro passo, podendo ser seguido pela necessidade de terapia antirreabsortiva. Contudo, surge a dúvida: optar por bisfosfonatos ou denosumabe?
Um estudo publicado no JAMA ([link](https://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/2814249)) em janeiro de 2024 abordou essa questão, investigando a incidência de hipocalcemia grave em pacientes dialíticos com osteoporose tratados com denosumabe em comparação aos bisfosfonatos. O estudo retrospectivo analisou pacientes do sexo feminino com mais de 65 anos, entre 2013 e 2020, incluindo 1523 pacientes tratados com denosumabe (60mg) e 1281 com bisfosfonatos.
Os resultados mostraram uma ocorrência de hipocalcemia severa (Ca \<7,5 mg/dL ou necessidade de hospitalização/emergência) de 41,1% no grupo denosumabe, contra apenas 2,0% no grupo bisfosfonato, indicando um risco 20,7 vezes maior (IC 95%, 13,2-41,2) associado ao denosumabe.
Então, devemos evitar o denosumabe? Não necessariamente. É crucial antecipar e implementar estratégias
para mitigar o risco de hipocalcemia, incluindo:
* Reposição Oral de Cálcio: Iniciar suplementação com carbonato de cálcio concomitantemente ao denosumabe.
* Ajuste de Vitamina D: Iniciar ou aumentar a dose de calcitriol (ou paricalcitol) junto ao tratamento com
denosumabe.
* Ajuste no Banho de Diálise: Aumentar a concentração de cálcio no líquido de diálise, seja em hemodiálise
(HD) ou diálise peritoneal (DP).
Ajustes na dosagem ou a descontinuação dessas intervenções devem ser baseados em alterações
laboratoriais subsequentes. É importante monitorar de perto os níveis de PTH, pois a hipocalcemia pode induzir uma rápida elevação deste hormônio. Com as medidas preventivas adequadas, é possível evitar a descompensação do distúrbio mineral e ósseo em pacientes dialíticos tratados com denosumabe.
Este estudo destaca a importância de uma abordagem cuidadosa e proativa no manejo de pacientes dialíticos com
osteoporose, especialmente ao considerar terapias antirreabsortivas como o denosumabe.
Leia o estudo completo no JAMA ([link](https://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/2814249))