Esse tema foi abordado no estudo intitulado "Possible roles of anti-nephrin antibodies in post-transplant recurrent focal segmental glomerulosclerosis (FSGS)" que foi publicado no Kidney International em dezembro de
2023\. Os autores de diversas instituições japonesas e Canadenses, realizaram um estudo multi-institucional para investigar o papel dos anticorpos anti-nefrina na recorrência da GESF após transplante renal.
O estudo incluiu 22 receptores pediátricos com GESF, dos quais 8 tinham GESF genética e 14 tinham GESF não genética (presumidamente primária). Dos pacientes com GESF não genética, 11 apresentaram recorrência da GESF após o transplante. Os níveis plasmáticos de anticorpos anti-nefrina foram medidos utilizando ELISA antes do
transplante ou durante a recorrência. Biópsias de enxerto durante a recorrência foram analisadas para deposição de IgG e expressão alterada de nefrina.
Resultados:
1. Níveis de Anticorpos Anti-nefrina: os pacientes com recorrência da GESF pós-transplante apresentaram níveis plasmáticos elevados de anticorpos anti-nefrina, enquanto os pacientes com GESF genética ou não recorrente apresentaram níveis comparáveis aos dos controles saudáveis.
2. Alterações nas Biópsias: Durante a recorrência, as biópsias mostraram deposição pontilhada de IgG colocalizada com nefrina! 😊
3. Remissão: Após a remissão, os níveis de anticorpos anti-nefrina diminuíram significativamente e as biópsias mostraram ausência de sinais de IgG e expressão normal de nefrina.
Discussão e Importância Futura: os achados sugerem que os anticorpos anti-nefrina circulantes podem estar envolvidos na patogênese da recorrência pós-transplante da GESF. Esses resultados são importantes porque indicam um possível alvo terapêutico para prevenir ou tratar a recorrência da GESF em pacientes transplantados! Porém, novos estudos que inclua outras etnias, são necessários para confirmar esses achados e para saber como os anticorpos anti-nefrina afetam a função dos podócitos.
Pontos Práticos:
1. Monitoramento de Anticorpos: A medição dos níveis de anticorpos anti-nefrina pode ajudar a identificar pacientes em risco de recorrência de GESF.
2. Análise de Biópsias: A análise das biópsias de enxerto pode fornecer informações sobre a presença de deposições de IgG e alterações na nefrina, auxiliando no diagnóstico e manejo da recorrência.
3. Terapias Alvo: Desenvolver terapias que visem os anticorpos anti-nefrina ou a via de fosforilação de nefrina pode ser uma abordagem promissora para prevenir a recorrência da GESF.
Enfim, este estudo destaca a importância de entender os mecanismos imunológicos subjacentes à recorrência da GESF e abre caminho para novas estratégias terapêuticas que podem melhorar os resultados dos pacientes transplantados.
O que você achou? Será que o anticorpo anti-nefrina é o novo antiPla2R das glomerulopatias?