Na avaliação ambulatorial de um paciente com hipertensão devemos avaliar o paciente com metas individualizadas visando a redução de eventos cardiovasculares (CV). Embora metas mais agressivas possam reduzir eventos CV em longo prazo, elas podem exigir maior uso de medicamentos e levar a efeitos colaterais, especialmente em populações vulneráveis.
Não podemos esquecer que as leituras de pressão arterial realizadas com métodos padronizados ou fora do consultório (ex.: monitorização ambulatorial diurna, automedida domiciliar) geralmente apresentam valores 5 a 15 mmHg menores em comparação aos métodos convencionais de consultório (ex.: medição manual ou oscilométrica sem preparo adequado).
Se o paciente alcançar uma pressão arterial abaixo da meta proposta sem apresentar sintomas ou efeitos adversos, não é necessário reduzir ou suspender os medicamentos. Por outro lado, metas menos agressivas podem ser mais adequadas para grupos específicos, como idosos frágeis, pacientes com hipotensão postural ou aqueles com efeitos colaterais de múltiplos antihipertensivos.
Técnicas Adequadas para Medição:
* No consultório: A medição deve ser realizada com o paciente sentado corretamente (em cadeira, pés no chão, braço apoiado, sem roupas na área do manguito) e utilizando um dispositivo calibrado e de tamanho adequado. Devem-se obter médias de múltiplas medições para o manejo.
* Automedida: O dispositivo pessoal deve ser validado no consultório, com o uso de manguito adequado. As medições devem ser realizadas em repouso, em diferentes horários e dias, e a média deve ser utilizada no manejo clínico.
Confere na tabela abaixo pontos importantes para o nefrologista estar atento no momento de avaliar a meta pressórica:![](/metapa.webp)
Metas Individualizadas:
Metas de pressão arterial podem ser mais rigorosas em pacientes de alto risco (ex.: doença arterial coronariana, AVC prévio, risco cardiovascular ≥15%) devido a um maior suporte de evidências. Em pacientes frágeis, com demência ou expectativa de vida limitada, as metas devem ser individualizadas e decididas de forma compartilhada com o paciente e familiares.
Conclusão Prática:
A escolha da meta de pressão arterial e do método de medição deve ser baseada em evidências e ajustada ao perfil do paciente. O manejo adequado depende de medições realizadas corretamente e uma abordagem individualizada.