Pacientes com doença renal crônica (DRC) possuem um risco elevado de fraturas ósseas, associadas a alta
morbidade e mortalidade. Os inibidores da bomba de prótons (IBP), amplamente utilizados para tratar doenças gastrointestinais, foram ligados a um risco aumentado de fraturas na população geral, mas estudos específicos em pacientes com DRC são escassos.
Esses foi um estudo publicado por pesquisadores alemães no NDT ([link](https://academic.oup.com/ndt/advance-article-abstract/doi/10.1093/ndt/gfae135/7716721?redirectedFrom=fulltext)). Foi conduzido um estudo observacional baseado em uma população de pacientes com DRC, extraída do banco de dados alemão
(IQVIA Disease Analyzer). Pacientes com e sem fraturas foram pareados utilizando escore de propensão 1:1. A associação entre o uso de IBP e fraturas foi investigada por meio de análises de regressão logística multivariada, ajustando para fatores de confusão. Foram excluídos das análises pacientes com DRC estágio 5.
Resultados:
Foram incluídos 6076 pacientes com fraturas e 6076 sem fraturas. O uso de IBP foi associado a um risco
aumentado de fraturas (OR 1.68; IC 95% 1.55–1.83). A associação foi mais forte em pacientes abaixo de 60 anos com prescrição de IBP por mais de 2 anos (OR 6.85; IC 95% 1.85–25.38). Pacientes com doses acumuladas de IBP acima de 16.000 mg apresentaram um maior risco de fraturas (OR 4.62; IC 95% 1.87–11.44). Não houve diferença significativa entre homens e mulheres.
Uma possível justificativa para esse risco pode ser explicada por redução da absorção de eletrólitos (cálcio e
magnésio), vitaminas (B12) e nutrientes secundário a redução de secreção gástrica, o que pode exacerbar o processo de doença mineral óssea.
Opinião Nefroatual:
Esse é o primeiro estudo destaca a mostrar associação entre uso de IBP e o risco de fraturas. Dessa forma, nós nefrologistas devemos realizar uma revisão crítica do uso de IBP em pacientes com DRC, especialmente aqueles jovens ou com uso prolongado de IBP, para mitigar o risco de fraturas ósseas. A desprescrição de IBP pode ser uma estratégia importante para reduzir a morbidade e a mortalidade associadas a fraturas nesses pacientes.