A Doença Renal Policística Autossômica Dominante (DRPAD) é um distúrbio genético caracterizado pelo desenvolvimento de cistos nos rins e outros órgãos, levando a diversas manifestações clínicas, incluindo a falência renal. O impacto psicológico da DRPAD é substancial, devido impacto como dor crônica, interrupções na vida
diária, depressão, ansiedade e culpa genética associada à transmissão da doença aos descendentes.
O artigo intitulado “Mental Health and Autosomal Dominant Polycystic Kidney Disease: A Narrative Review”
([link](https://journals.lww.com/kidney360/abstract/9900/mental_health_and_autosomal_dominant_polycystic.421.aspx)) aborda o tema saúde mental nos pacientes com DRPAD. Vamos destacar os pontos mais interessantes no artigo!
Avaliação e Diagnóstico
Pacientes com DRPAD enfrentam desafios emocionais e físicos significativos. A dor é um sintoma prevalente,
muitas vezes negligenciado, que contribui para uma qualidade de vida reduzida e um risco elevado de depressão e ansiedade. Pacientes assintomáticos ou em estágios iniciais frequentemente relatam menor satisfação com a vida e emoções reprimidas. A aceitação da doença é um desafio constante, com muitos pacientes jovens
demonstram ressentimento por terem herdado a condição.
Ansiedade, Depressão e Incertezas
Estudos indicam que a ansiedade e a depressão são comuns entre pacientes com DRPAD. A incerteza sobre a
progressão da doença, a expectativa de vida, saúde geral e capacidade de realizar atividades cotidianas são fontes importantes de angústia. A prevalência de ansiedade e depressão aumenta à medida que a doença progride.
Mulheres, indivíduos solteiros e aqueles com menor nível educacional são mais propensos a relatar níveis elevados de ansiedade e depressão.
Dor e Sofrimento Emocional
A dor, um sintoma prevalente em pacientes com DRPAD, diminui significativamente a qualidade de vida. O manejo
eficaz da dor requer uma combinação de abordagens farmacológicas e não farmacológicas. Intervenções cirúrgicas ou radiológicas podem ser necessárias em casos severos (efeitos compressivos). No entanto, a avaliação da dor é frequentemente subestimada pelos médicos, resultando em manejo inadequado. Ferramentas de avaliação específicas, como a Escala de Impacto da DRPAD (ADPKD-IS) e a Escala de Dor e Desconforto da DRPAD (ADPKD-PDS), foram desenvolvidas identificar as queixas de maneira mais precisa.
Culpa genética e ressentimento
A culpa genética é uma preocupação significativa, especialmente entre os mais jovens, que podem sentir-se responsáveis por transmitir a condição aos seus filhos. Estudos mostram que cerca de 60% dos pacientes com DRPAD relatam sentir culpa por passar a doença para os descendentes. Testes genéticos pré-implantacionais
(PGT-M) são opções para evitar a transmissão da doença, mas envolvem desafios éticos, regulatórios e financeiros. Aconselhamento genético desempenha um papel crucial no apoio aos pacientes na compreensão dos riscos e na tomada de decisões informadas sobre a reprodução.
Aceitação da doença e suporte emocional
A aceitação da doença e a supressão emocional variam entre os pacientes, com maior aceitação observada em
estágios iniciais assintomáticos e maior supressão emocional em estágios avançados. Pacientes com DRPAD relatam menor satisfação com a vida em comparação com indivíduos saudáveis. A supressão de emoções negativas, como ansiedade e depressão, é mais intensa entre os pacientes com DRPAD, aumentando com a idade.
Qualidade de Vida
A qualidade de vida dos pacientes com DRPAD está intimamente ligada à saúde física e mental, variando
significativamente entre os diferentes estágios da doença. Pacientes transplantados relatam qualidade de vida superior em comparação com aqueles em estágios avançados de DRPAD. A redução da função renal está associada a menor dedicação as atividades profissionais e função sexual. Ou seja, o aumento do volume
abdominal e DRC podem impactar em várias áreas da vida do paciente com DRPAD.
Opinião Nefroatual
O diagnóstico de DRPAD gera incertezas significativas para os pacientes e seus familiares, sendo um desafio
para o manejo médico e psicológico. Estratégias abrangentes são necessárias para apoiar os indivíduos afetados e suas famílias, incluindo avaliações psicológicas regulares, tratamento combinado de farmacoterapia e terapia
comportamental, e participação em grupos de apoio.
O suporte social integral e o manejo adequado da dor, de forma global, são cruciais para melhorar a qualidade de vida e os resultados clínicos a longo prazo.