Artigo publicado na Kidney360 5: 1633–1643, 2024 ([link](https://journals.lww.com/kidney360/pages/articleviewer.aspx?year=2024\&issue=11000\&article=00006\&type=Fulltext))
Introdução
A DM2 é um dos maiores contribuintes para a progressão da DRC e dos eventos cardiovasculares. Os iSGLT2 e os agonistas do GLP-1 têm sido amplamente utilizados, mas as evidências comparativas em cenários do mundo real ainda são limitadas. Este estudo americano comparou diretamente os efeitos renais e cardiovasculares dessas duas classes de medicamentos.
Metodologia
População do estudo:
* 29.146 veteranos americanos com DM2.
* Divididos igualmente em dois grupos: 14.573 em iSGLT2 e 14.573 em aGLP-1.
* Critérios de inclusão:
* TFGe ≥20 ml/min/1,73 m².
* Ausência de DRC estágio5 ou em TRS ou diabetes tipo 1.
Classes de medicamentos avaliadas:
* iSGLT2i: Dapagliflozina, empagliflozina e canagliflozina.
* aGLP-1: Semaglutida, liraglutida e dulaglutida.
Desfechos principais avaliados:
* Composto primário: Declínio ≥40% do eGFR, progressão para ESKD e mortalidade por qualquer causa.
Desfechos secundários:
* Alterações na TFGe
* Controle glicêmico (HbA1c).
* Peso corporal.
* Relação albumina-creatinina urinária
Resultados
Desfechos Primários
1-Eventos compostos (declínio ≥40% na TFG2, DRC estágio 5 ou mortalidade):
* O grupo iSGLT2i teve redução de 35% no risco de eventos compostos em comparação ao grupo aGLP-1.
* Taxa de eventos: 6,6 eventos por 100 pessoas-ano no grupo SGLT2i versus 9,3 no grupo GLP-1RA.
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Figura 1Desfecho composto primário em pacientes recebendo iSGLTi versus aGLP-1.
(A) Função de risco cumulativo para o desfecho composto (declínio ≥40% na TFGe, evento de DRC terminal e mortalidade por todas as causas) entre os grupos iSGLT2 e aGLP-1 ao longo de 3 anos.
(B) Função de risco cumulativo para mortalidade por todas as causas entre os grupos iSGLT2 e aGLP-1 ao longo de 3 anos.
(C) Função de risco cumulativo para eventos de DRC terminal (ESKD) entre os grupos iSGLT2 e aGLP-1 ao longo de 3 anos.
(D) Função de risco cumulativo para declínio ≥40% no eGFR entre os grupos iSGLT2 e aGLP-1 ao longo de 3 anos.
2-Mortalidade por qualquer causa:
* Redução de 38% no grupo SGLT2i em relação ao grupo GLP-1RA.
* Taxa de mortalidade: 2,9 versus 4,2 por 100 pessoas-ano.
3-Progressão para ESKD:
* O grupo SGLT2i apresentou redução de 46% nos casos de DRC terminal.
4-Declínio ≥40% no eGFR:
* Redução de 30% no risco com SGLT2i.
Desfechos Secundários
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Desfechos secundários em pacientes recebendo iSGLT2 versus aGLP-1
1-TFGe:
* Melhora sustentada com iSGLT2: +0,97 ml/min/1,73 m² de diferença anual em relação ao aGLP-1 após 6 meses.
* No grupo aGLP-1, o TFGe continuou a declinar progressivamente.
2-HbA1c:
* Ambos os grupos tiveram reduções similares (-0,05%), mas sem diferenças clinicamente significativas.
3-Peso corporal:
* iSGLT2: Redução média de -0,45 lbs.
* aGLP-1: Resultados similares, mas levemente inferiores.
4-Relação Albumina-Creatinina (UACR):
* SGLT2i: Redução significativa na albuminúria (-16,62 mg/g).
* GLP-1RA também apresentou redução, mas menos pronunciada.
Discussão
Os iSGLT2 mostraram maior eficácia na preservação da função renal e na redução de eventos adversos renais e cardiovasculares quando comparados aos agonistas GLP-1. Estes resultados são consistentes com grandes estudos clínicos como o EMPA-KIDNEY e o DAPA-CKD, que validaram os benefícios renais dos iSGLT2.
Apesar disso, os aGLP-1 ainda oferecem vantagens importantes, como benefícios cardiovasculares adicionais, controle glicêmico e impacto no peso corporal. A combinação de ambas as classes pode ser particularmente útil para pacientes com múltiplos fatores de risco.
Implicações Clínicas
1. Preferência pelo uso inicial de iSGLT2:
2. Terapia combinada:
3. Monitoramento:
E ai? Gostou? Tem algum paciente que está utilizando os dois medicamentos combinados?